Cria do rock psicodélico brasileiro, o baixista Luno (ex-Plástico Lunar) lança "Homo Pacificus", o primeiro disco solo, dia 25 de março. Com três singles já disponíveis nas plataformas, o álbum conceitual é aguardado por quem acompanha a trajetória do músico em carreira solo. "Homo Pacificus" tem nove faixas, com críticas bem-humoradas sobre os valores sociais do mundo contemporâneo, num transe sonoro que viaja entre o jazz, rock, psicodelia nordestina e o misticismo da música indiana, com passagens pela música circense, folk, samba rock, rock rural e blues.
O Indieoclock conversou com o sergipano sobre Homo Pacifucus e o resultado é a entrevista a seguir. Aproveita e já faça o pre-save do disco: http://linktr.ee/lunotorres.
O que Homo Pacificus trará de diferente dos seus mais de 20 anos de carreira?
Luno - Acho que houve uma evolução tanto técnica quanto de percepção e referencial. Acredito que naturalmente eu tenha amadurecido a forma de compor e de ouvir música no geral. O próprio passar do tempo me permitiu entender melhor os processos de produção de um disco. Quando falo de referencial, tenho sentido mais minhas raízes dentro da música brasileira e principalmente, dentro da música nordestina. Essas referências, a meu ver, ainda estão tímidas no Homo Pacificus, mas diferente do começo da minha carreira, elas hoje fazem parte da minha forma de pensar música.
Quando comecei na Plástico Lunar, há 20 anos atrás, eu só queria fazer rock’ n roll clássico e vintage. Hoje naturalmente eu sou mais livre e isso me permite navegar por caminhos belos da diversidade musical, caminhos esses que também passam pela minha ancestralidade negra, indígena e nordestina.
Você se considera um artista psicodélico e que produz música psicodélica?
Luno - Artista psicodélico, sempre. Porém, não considero que eu faço música psicodélica em seu conceito mais restrito. A psicodelia vai está presente apenas dando uma brisa a mais no meu trabalho. Ela é o antídoto para uma percepção de mundo mais contemplativa e expansiva. Fora da psicodelia o mundo é um lugar chato e sem cor.
Luno, três singles deste disco já foram lançados e é possível perceber a pluralidade das referências que moldam as músicas, tudo muito sofisticado e, ainda assim, com uma audição leve. Você delimitou as referências para cada faixa? Aliás, você impõe limites para compor?
Luno - Surpreendi-me com os caminhos que algumas faixas tomaram. Geralmente quando eu componho, já penso a música dentro de uma estética e ela já vem com alguns referenciais delimitados. No homo pacificus, eu perdi um pouco o controle da nave, o que foi positivo por que algumas coisas puderam ser pensadas de ‘fora da caixa’.
O disco, aliás, foi gravado por mais dois nomes de peso da cena sergipana, Gabriel Perninha na bateria e Leo Airplane nos teclados e sintetizadores. O que cada um acrescentou em Homo Pacificus?
Luno - Os dois músicos construíram o rolê todo comigo. Começamos em 2018, quando fui chamado para tocar no Festival de Artes de São Cristóvão. Não tinha ideia como sairia esse novo trabalho. Já tinha gravado uma pré de ‘Valerie’ com Léo Airplane e apresentamos para Gabriel Perninha fazer a bateria. Acho que foram 02 ensaios apenas antes do festival e o resultado foi surpreendente. Tem vídeos desse show no Youtube. Estávamos meio que criando os arranjos ali. Como o projeto é baseado no improviso e na experimentação, partimos das bases que eu tinha e fomos embora.
Daí, o disco Homo Pacificus foi se desenvolvendo a cada show. Ao final, Gabriel Perninha imprimiu a identidade dele no disco. Criou a rítmica do universo Homo Pacificus e conectou suas referências musicais de forma muito fluida. Léo Airplane gravou sanfona, piano, órgão, mellotron, e fez a produção e finalização da obra.
O Indieoclock tem um público que é bastante ligado ao indie pop internacional, antenado tanto na produção do mainstream como em coisas mais independentes. Quais músicas de Homo Pacificus você indica, por exemplo, para fãs de Lana del Rey ou de Beatles?
Luno - Fãs da Lana podem curtir Luno também. Eu indico a música ‘INCENSAI’, faixa que encerra o disco. Podem apertar o play nela sem medo. Para os fãs dos cabeludos de Liverpool, o Homo Pacificus todo pode ser um parquinho de diversão de caça a referências ‘beatlemaníacas’.
Infelizmente, não será possível a médio prazo levar o disco aos palcos, ao vivo e com público. Então, após o lançamento, dia 26/3, quais são os planos para divulgá-lo dali em diante?
Luno - Todo artista depois que lança um trabalho novo tem o desejo de cair na estrada e levá-lo ao vivo para as pessoas. Mas infelizmente, o momento pede para ficar em casa. Assim, a divulgação do disco será feita através das redes sociais, plataformas digitais, sites e outros veículos de comunicação. Toda parceria para divulgação será muito bem-vinda nesse momento. Sabemos que a arte tem um papel importantíssimo em tempos de quarentena.
Depois do lançamento, estaremos produzindo novos conteúdos referentes ao ‘Homo Pacificus’ e levaremos a experiência do ‘ao vivo’ através de apresentações online. Assim, vamos nos adaptando e criando formas de continuar nosso trabalho em sintonia com o momento em que o nosso mundo clama por vacina e empatia entre as pessoas.
Conheça mais o trabalho de Luno aqui.
Foto e artes: Gabriel Barretto
Entrevista: Erick Tedesco e Indieoclock
Videoclipe do single 'Valerie'
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