Imagem: OTR tem origem em Over-The-Rhine, um bairro de Cincinatti - Ohio lugar onde começou a compor..
Desde de 2017, Chadwick (mais conhecido como OTR) já lançava uma série de singles e um EP, batizado 'Unfold', e já preparava terreno para lançar seu álbum de estréia, bem no meio de 2020.
Com influências claras ao electro-pop de 'A Moment Apart' do ODESZA e a nostalgia da indietronica de Jai Wolf, 'Lost At Midnight' oferece uma jornada introspectiva - mesmo assim, explosiva - inspirada por uma viagem ao Japão, quando Chadwick, apaixonado pelas paisagens, decidiu transcrever tudo na forma de música.
O que temos então é um álbum de doze faixas que evocam esse sentimento, começando por 'Lost / Intro', que nos dá uma pista de onde estamos caminhando por aqui. Apenas um arpeggio de duas teclas no piano guiam a música, enquanto Chadwick pergunta constantemente se é possível voltar para casa. Logo, somos tomados por um mar de sintetizadores que parecem guiar-nos de volta para o lar, como se já soubéssemos o caminho esse tempo todo. Ao decorrer seguimos essa mesma jornada com a suave voz do cantor do grupo Panama na - minha favorita do disco - 'Drive', que possui um drop tão fabuloso e suave quanto os seus vocais bem produzidos. Há outras colaborações fenomenais aqui como 'Heart' com Shallou, 'Midnight Sun' com Ukiyo e 'Broken' com a cantora Au/Ra.
O álbum perde um pouco de ritmo ao chegar em 'Night', oitava faixa do álbum, dando uma espécie de respiro, possuindo a mesma mágica da atmosfera nostálgica das outras sete faixas anteriores. Mas ainda assim, não tão interessante. Assim como a sua finalização, 'The End' com Saint Sinner cantando sobre se sentir incapacitado, mas que tudo faz parte dos altos e baixos da vida, e que voltaremos para casa seguros, no final. Por mais que uma linda mensagem, sua melodia não sustenta a força das outras anteriores, como se houvesse algo a mais depois do fim do álbum.
Mesmo assim, há uma verdade dita em cada sintetizador, suave ou poderoso, em casa batida e em cada voz, tornando o álbum um verdadeiro sonho. Um abraço enquanto mergulhamos nas nossas incertezas (bem lúdico, né?).
São as verdades que OTR quis trazer para o seu primeiro álbum. Memórias e sentimentos muito bem expressados, tanto pelo ritmo, quanto pelas letras. Ambos muito bem guiados a ideia do projeto, que se mantém sólido e impressionante, principalmente para uma estréia.
É gratificante ver que, em um cenário como a EDM (música eletrônica), onde o padrão são batidas eletrizantes e pouca sentimento real, estarmos vendo o surgimento de tantos artistas que apertam o freio e resolvem trazer músicas, não apenas para dançar na pista de dança, mas para aquecer os fones de ouvido e entregar algo sólido e verdadeiro.
Em seu debut, OTR se joga no meio da noite em suas inseguranças com muita cor, sentimento e otimismo, entregando o respiro que o cenário eletrônico precisava.
'Lost At Midnight' lançou em 24 de abril do ano passado e está disponível em todas as plataformas.
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