Tiago Picado no clipe de Estrela Vega | Foto: Divulgação |
Se imagine andando de bike pela orla do Rio de Janeiro numa tarde ensolarada. As ondas quebrando no mar, as pessoas rindo na areia e em seu fone de ouvido um som bem gostoso e tranquilo. Muito bom, não é? Pois é essa a atmosfera do trabalho de Tiago Picado, carioca de 33 anos que depois de anos trabalhando com música nos bastidores, decidiu que era hora de ir para os palcos como artista principal.
Antes de decidir lançar suas próprias criações, o Tiago já estava imerso no cenário musical brasileiro produzindo áudio para cinema. Ele chegou a atuar em diversas produções, como Bacurau, de Kleber Mendonça Filho, Os Farofeiros, de Roberto Santucci, e Cabrito, de Luciano de Azevedo.
Com uma sonoridade leve e bem definida, o carioca passeia pelo pop, reggae, soul e música brasileira com suas canções. Nas 12 faixas de puro alto astral com letras sobre a natureza, os primeiros sentimentos e viver em sociedade, o primeiro álbum de Tiago 'Íris dos Teus Olhos', com lançamento previsto para setembro, promete ser uma boa dose de otimismo e escapismo.
Em entrevista exclusiva com o IndieOClock, o artista contou mais sobre produzir mais durante a quarentena, sua admiração pelo trabalho de Gilberto Gil e sua forte conexão com o mar. Confira:
Sua caminhada pelo cenário musical começou cedo, mas que progrediu muito lá na produção de áudios para o cinema. Foi essa experiência que te levou a ir mais a fundo no mundo da música e composição?
A música sempre esteve na minha vida, mas chegou um momento que eu sentia falta de fazer alguma coisa com ela e comecei a compor. Nesse meio tempo eu fui estudando, cheguei a conquistar uma graduação em produção musical, e depois usei esse conhecimento para entrar de cabeça nessa parte audiovisual e sonora. Foi um caminhar junto na verdade, tanto um crescimento artístico quanto na parte musical e audiovisual.
E como foi dar esse pulo de produtor para cantor e lançar suas músicas autorais? Pelo visto essa experiência te ajudou muito, não?
Sim, com certeza! Quando se está trabalhando com outros artistas você vivencia o meio, entende como as coisas funcionam. Foi mais a maturação de tomar essa decisão de tomar a frente, de se mostrar como artista e mostrar os meus projetos, e não só trabalhar para outros artistas.
Sua nova música ‘Estrela Vega” foi gravada antes da quarentena, certo?
A música foi gravada antes da quarentena sim, mas o clipe lançado hoje foi feito já no período de isolamento social.
Em questão de arranjo, gravação e clipe, tem sido desafiador realizar tudo isso durante a quarentena? Vêm exigindo muita adaptação?
Na verdade não, porque eu tenho um estúdio em casa. Mas a quarentena acabou me ajudando a focar mais, na verdade. Porque como eu não posso sair de casa eu fico o dia inteiro no estúdio trabalhando em coisas que eu estava postergando. A gente tem que aproveitar o tempo que a gente tem sabe, se a ideia é ficarmos em casa por uma questão de segurança de todo mundo, não dá também para ficar parado para parede (risos). A gente tem que tentar usar esse tempo a nosso favor de alguma forma. Já que é assim, vamos trabalhar com o que a gente têm.
Você consegue ver um diálogo entre a letra de suas músicas que geralmente possuem um som bem doce e otimista, com esse tempo difícil que estamos passando?
Com certeza, as pessoas estão carentes de presença e se sentindo um pouco sozinhas, então é um momento bem difícil, de apreensão, cada um pode ficar doente ou perder alguém querido, é tudo muito difícil. Então trazer uma energia positiva, uma coisa boa, um carinho é importante nesse momento. É um convite ao relaxamento, para a pessoa tentar se desligar um pouco e ouvir uma música legal que traz uma mensagem positiva.
Você tinha uma certa ideia sobre como o álbum deveria soar e ser sentido ou o processo de gravação levou você para um lugar desconhecido?
Um lugar totalmente desconhecido! (risos) Foi pouco planejada a sonoridade geral das músicas, foi trabalhando junto com o Alexandre Thai que nós experimentamos diferentes sonoridades, instrumentos, percussões, até chegar num som que a gente achasse legal. Elas foram se revelando no caminho à medida que a gente ia explorando. Esse processo foi super prazeroso e me surpreendeu muito, porque tiveram várias músicas que tomaram um caminho e tamanho que eu não imaginava.
E vocês também convidaram outros artistas para colaborar, não é mesmo?
Sim! Para o acordeão, flauta, metais e teclado, a gente convidou outros artistas. E nesse sentido eu estou muito grato, porque tiveram muitos artistas que eu admiro que participaram e colaboraram com coisas. Toda vez que a gente chamava um artista ele trazia um coisa nova que a gente não esperava. Foi muito legal ter essa reflexão com eles e esse reflexo deles na minha música, isso criou essa sonoridade única e muito especial para mim.
Vi que algumas de suas principais referências musicais são Gilberto Gil, Clube da Esquina, Bob Marley e Jason Mraz. Como o trabalho deles te inspira a criar suas próprias poesias do cotidiano e melodias tão pra cima?
‘Estrela Vega’ que é o lançamento de hoje, por exemplo, tem uma referência ao acústico do Gil. Esses artistas me inspiram muito com suas sonoridades únicas e um tempo de estrada muito grande. Sempre tento tocar algo deles para aprender, analisar e tirar alguma coisa. Acho que a gente sempre tem que aprender com quem já veio antes para tentar fazer uma coisa nova, né? (risos). Eu particularmente gosto muito das letras do Gil, do Caetano e do Clube da Esquina, porque elas são muito inspiradoras, são trabalhos muito bem feitos. E esse lado da escrita tem me ajudado muito, é uma coisa que eu tenho estudado muito nessa quarentena, de melhorar minha parte lírica. As músicas que vem por aí vão vir ainda melhores.
A energia de músicas como ‘Relaxa’ e ‘Eu Quero Mais’ traduzem bem a aura do que vêm por aí com o álbum ‘Íris dos Seus Olhos’, que está previsto agora para setembro?
Sim, eu acho que as músicas são bem versáteis, elas mostram diferentes gêneros musicais, algumas podem ter uma pegada mais reggae, enquanto outras têm um ritmo mais samba/rock. Mas eu acho que o álbum tem uma cara mais ‘praia’ vamos dizer assim (risos). Um estilo para você escutar ao ar livre, fazendo alguma coisa na areia ou ao ar livre na natureza.
Um álbum de um carioca que evoca bem então essa energia com a natureza, não é mesmo?
Sim, com certeza! O Rio de Janeiro é uma influência minha e uma fonte de inspiração. Eu tenho uma ligação muito forte com o mar, então é um lugar que eu vou quando eu quero escapar e dar uma relaxada.
Para encerrar, você consegue adiantar alguma coisinha do seu álbum que sai agora em setembro?
Agora no próximo mês tem mais um single, que chama ‘Pra Gente Chegar Lá’. Ele vem com uma pegada mais diferente do que os outros, uma coisa mais samba/rock com umas linhas de metal muito legais! Vão ter ainda alguns lyric videos que fizemos para todas as 12 faixas do álbum. Estou bem animado e espero que vocês gostem tanto quanto eu!
*Esta entrevista foi editada e condensada para maior clareza.
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