Formada por Múcio (vocal), “Junin” (bateria), Moya (baixo), Victor (guitarra) e Dezis (teclado), a banda de rock alternativo de Brasília, chega prometendo conectar todos através de muito amor, música e completamente sem censura. Conheçam: Lupa!
"Lupa é amor! Música é consequência, estamos aqui é pra subir no palco e espalhar amor para esse povo."
E foram com essas palavras que Múcio Botelho deu início a nossa entrevista. Foram quatro anos e meio de estrada que deram origem ao "Lupercália", disco de estréia dos brasilienses da Lupa. O nome do álbum vem de um festival de mesmo nome que era celebrado em Roma até o século IV. uma festa pagã, relacionada a purificação e a fertilidade. O nome "Lupa" segue o mesmo conceito, explicou Múcio:
"O nome da banda, vem de um festival de Roma, chamado Lupercália. O festival era regado de muito amor, as estrelas dessas noites eram as Lupas, que eram as mulheres romanas, que acabaram virando sinônimo de amor carnal, de entrega, de euforia, desse culto da alegria.E é disso que a gente se propõe a falar."
Nas músicas, a banda se propõe a falar de sexo, sem tabus. São letras divertidas e apaixonantes, muita das vezes necessárias sobre o assunto. Na entrevista, Múcio comentou a importância de falar desses assuntos hoje em dia:
"Na situação em que vivemos hoje, você falar de amor é um ato de coragem. Você se coloca na linha de frente e de peito aberto. E é isso que a gente acredita, é no que a gente fala desde o começo da banda. A gente está aqui pra colocar isso na vida das pessoas, que mesmo que estejam passando por um período horroroso, no final, tudo dá certo. Nós somos o escudo."
Algo que chama bastante atenção na banda é a elaboração dos clipes. Sempre com muita cor e com uma energia que emana o alto astral dos integrantes, Lupa consegue tratar os assuntos de uma forma sexy e sutil, assim como no clipe de "Justo Eu", onde diversas metáforas são colocadas ao logo do clipe e de uma forma descontraída, chama atenção do público para o assunto abordado. Perguntamos para Múcio, como essas ideias acabam surgindo:
"A gente sempre se preocupa com isso, é uma coisa que sempre tivemos um dedo muito bom pra definir. O clipe de "Justo Eu" é um dos mais bonitos até hoje. Ele fala todo sobre masturbação, o óbvio, né?!(risos). Mas a gente resolveu tratar isso de um modo completamente descontraído, sem ser tenso. A gente conseguiu fazer através de metáforas. Pegamos essas linguagens, esse visual super colorido, super jovem, pra bater nesse assunto. A teoria é a representação visual e auditiva do sentimento. Buscamos uma estética mais crua, em todas as músicas nós sentimos essa necessidade de transmitir essa parte visual do que está se sentindo. "
Um dos clipes que mais chamam atenção é "E Se Não Der Pra Esperar". Logo no início do clipe aparece um texto dizendo "A Lupa convidou seus fãs para darem um beijo. Mais precisamente, 681 beijos". Além de falar sobre essa atração sexual, o clipe celebra a diversidade e transmite uma incrível naturalidade em suas cenas.
"A gravação de "E Se Não Der Pra Esperar?" foi uma loucura! Estávamos indo assinar com a Sony e eu falei "Cara... Eu acho que eu tenho uma ideia pro clipe, vai ser um barato, vai ficar lindo, lindo lindo, bicho!! vamos fazer uma chamada pública e perguntar: 'Gente, quem quer dar o primeiro beijo?' Eu coloquei um formulário público na nossa página e eram 4 informações que tinham que dar: Nome, Idade, Perfil do instagram (pra gente olhar o perfil da pessoa) e se preferiam meninas, meninos ou ambos.
Cara, nós recebemos inscrições do Brasil inteiro. Mas só pudemos gravar com o pessoal de Brasília. Nós levamos todos eles pro estúdio com aquele fundo branco igual está lá no clipe. Colocamos um grupo na sala A e um grupo na sala B. A gente pegava uma pessoa, colocava a venda dela e levava pro estúdio, posicionando ela na frente da câmera. O mesmo era feito com outra pessoa da sala B. Não podiam falar nada antes de tirar a venda no refrão, quando tirava, a pessoa dava um grito. Foi incrível! Muitas pessoas que se inscreveram eram bi, só na hora elas iriam saber se beijariam homens ou mulheres. Conheço uma porrada de gente que está namorando hoje, uma porrada de gente que ficou por mais um tempão. Nós lidamos com mais de 200 pessoas. Foi tudo maravilhoso, nao deu nenhuma treta. Foi honestamente um dos dias mais legais da historia da Lupa. Foi surreal. O clipe ficou lindo!"
O quinteto chama atenção também pela energia e descontração na personalidade de cada um, um jeito que não é muito comum entre as bandas de rock (e amamos isso). Perguntamos para Múcio se alguma vez, eles já se sentiram censurados ou desconfortáveis por terem sido reprimidos de alguma forma, nesses quatro anos e meio de estrada:
"Todos os dias. Éramos uma banda de rock e na época em que a gente estava começando a fazer nossas coisas, era tipo assim: Se você falasse as coisas que a gente fala, se você se comportasse do jeito que a gente se comporta, você não era bem recebido. A gente se virou e falou desde o primeiro dia: "Pau no c* desse povo" (risos). Honestamente nós cagamos pra isso. Você sempre tem que ser machão, estar todo de preto, estar lá com seus 'brothers' e bater cabeça... Pode ir lá e ser feliz, tem um público pra você também. Agora estávamos felizes do jeito que a gente era, do jeito que éramos conhecidos. Nada iria mudar a gente. Até porque se mudasse, a musica pra mim não faria mais sentido. Somos apaixonados pelo que fazemos, porque é de verdade! Não estamos colocando uma máscara - Até porque eu sou um péssimo ator e não tenho capacidade pra fingir no palco (risos) - Então, todos os dias a gente vira e mexe e toma um susto, mas nada que aconteça, vai impedir que a gente de seja como somos. Tipo, cara... Nunca imaginávamos onde iriamos chegar. Estamos indo tocar no Rock Ïn Rio! Entendeu?! Queremos fazer as coisas com o coração e do jeito que a gente acredita."
Em um mundo onde tudo se tornou comercial e na maioria das vezes, sentimentos são colocados nas músicas apenas pelo sucesso, a Lupa transparece essa naturalidade em suas músicas, em seus clipes e principalmente através da relação com seus fãs. Múcio falou um pouco mais sobre essa conexão que os une:
"É conexão. Uma coisa que sempre falamos desde o começo. Desde a formação da Lupa, eu falava pra eles: Não estou chamando vocês pra montar uma banda porque eu acho porque são os melhores músicos do mundo ou porque todo mundo aqui gosta da mesma música. Estou chamando vocês porque vocês acreditam na mesma mensagem que eu acredito. A única coisa que importa pra Lupa é o coração. A gente não convence pessoas pela cabeça, a gente convence pelo coração, porque cabeça muda, coração não. Desde o momento que você ama uma coisa, que você se apaixona por aquilo, você vai ter aquilo para toda a vida. E é isso que a gente espalha pro nosso público. Por isso que nos temos fãs tão fiéis, fãs que ajudam a gente desse tanto. E uma coisa muito diferenciada, uma coisa que a gente é grato pra caramba. Não estamos aqui pra fazer um som, seguir uma formula, fazer um som determinado porque é como a mídia pede. Nós fazemos porque é como a gente quer fazer e se não for desse jeito, não vai dar certo."
Através dessa conexão, a Lupa consegue despertar um sentimento único em seus fãs. Parte desse sentimento pode ser entendido como "libertação". Desde o momento que estamos vendo "pessoas reais" nos clipes, nos sentimos representados de alguma forma. Um alívio para nossas inseguranças, um sentimento de realmente poder fazer parte de algo. Múcio foi bastante modesto com essa ideia de "libertar" os fãs, mas através dos comentários que vemos nas redes sociais da banda, essa afirmação é completamente válida.
"Eu acho que a gente não tem capacidade pra libertar alguém, mas o o que nos pudermos fazer pra ajudar de coração, vamos ajudar. Não tem nada mais triste nessa vida do que você estar em uma gaiola de infelicidade que é você mesmo. Como que você vive sem se aceitar ? Sem ter amor por você mesmo?É isso que acho mais incrível na Lupa. Conseguimos criar um abrigo de conforto onde as pessoas se sentem acolhidas, se sentem seguras. A maioria dos nossos fãs são adolescentes, pessoas de 15 a 21 anos, esse povo que está começando a transar agora, que esta começando a se apaixonar agora, começando a entender o que diabo e tesão. Temos um público tão grande e são pessoas como a gente, pessoas que tem problemas com colega, com trabalho, faculdade... Temos vários grupos onde criamos uma rede de segurança e de acolhimento tão boa pra eles. Não conseguimos de fato 'libertar' ninguém, mas a gente faz o que está ao nosso alcance. Criamos esse vínculo que cara - super brega (risos) - mas viramos família mesmo. Estamos ali para proteger uns aos outros. A gente até brinca porque quando aparece gente nova, nós dizemos "e ai? Você ja converteu alguém hoje? " Tipo, a pessoa falando com os amigos pra mostrar a 'religião da Lupa' (risos). A pessoa se sente acolhida, faz amigos, sente um amor que as vezes não sente em casa. Lá no começo da Lupa, eu nunca imaginaria que teríamos a capacidade pra fazer essas coisas. Vendo tudo isso acontecendo hoje, eu fico orgulhoso pra caralho. Foi o que eu disse: Isso não é sobre musica, é sobre amor. Não é uma mensagem da boca pra fora..."
Ainda reforçando o amor pelos fãs, Múcio comentou sobre como gosta de ter seus próprios fãs em seus clipes. Sobre poder dar esse sentimento de felicidade, fortalecendo essa conexão que existe entre a banda e eles:
"...Igual quando estávamos pensando como seria contratar um monte de atores para o clipe. Mas aí eu pensei: 'A gente vai contratar ator pra isso? Que po**a de ator, voces sao doidos? Eu quero gente de verdade... Mais que isso: Eu quero fãs da Lupa. São as pessoas que a gente conseguiu mudar a vida delas. Imagina um fã com um momento desse?! Não era um amigo nosso, não era algum conhecido nossos, eram nossos fãs. Imagina alguém dizendo que participou do clipe de sua banda favorita, que ficou com uma pessoa que não conhecia (risos) e fez uma porrada de amigos?! São eles que estão ali, não modelos. É gente que está ali."
Já na reta final da entrevista, falamos sobre as inspirações e como eles conseguiram criar toda essa identidade única para a Lupa, já que não existem tantas bandas com a mesma temática na indústria musical.
"Tivemos muita dificuldade no começo porque a gente não conseguia falar nada, todas as músicas eram entre 15 e 19 anos. Era tudo que eu já tinha ouvido na minha vida, uma porrada de sentimentos. Hoje já conseguimos identificar e conseguimos racionalizar bastante nossa música. Temos várias referências, algumas como o próprio Panic! (At The Disco) que vai tocar com a gente no Rock In Rio. Eu amo aqueles caras! Já viajei para os Estados Unidos para os shows daqueles caras. Inclusive, já quase tocamos com eles em Brasilia. Era pra ser a banda mais votada. Estávamos bem no comecinho e tínhamos certeza que iríamos ganhar. Até desmarcamos um show. Não ganhamos. Parecia que o mundo ia acabar e está aí: Depois de 4 anos, estamos indo tocar com eles no Rock In Rio."
Falando sobre o tão aguardado Rock In Rio, perguntamos como estavam os preparativos para a apresentação da banda pro festival e claro, Múcio demonstrou toda a sua empolgação e ansiedade:
"Preparativos pro Rock In Rio, não tem como ter (risos). Sabemos as músicas que vamos tocar. Mas cara, a partir do momento que a gente subir no palco, será o que Deus quiser que vai acontecer ali. Só quero sair de lá sem voz! Quando eu subir naquele palco e ver o Crivella no meio daquela platéia, eu dou um beijo na boca daquele homem (risos), se eu ver o Medina, eu saio correndo! Eu vou escalar, vou correr que nem um louco atras desse homem, estou ansioso que nem a morte pra esse trem, vai ser uma loucura."
Com mais de 2 milhões de espectadores nas plataformas online e mais de 700 mil visualizações nos videos do YouTube, o rock alternativo da banda Lupa esbanja amor e transparência, unindo corações e despertando os maiores e melhores sentimentos em seu publico através sua musica. A melhor forma de distribuir amor. Para finalizar, Múcio mandou um recado para todos os nossos seguidores:
"Isso não vai ser um convite, vai ser uma convocação: Dia 3 de outubro estaremos no palco do Supernova no Rock In Rio 2019 e quero vocês lá! Mesmo que seja pela tela do computador, eu quero vocês de frente, olho no olho, suor no suor, mão na mão. Vai ser o dia mais louco de nossas vidas. A gente quer literalmente pular nesse povo. Se vocês não conhecem a Lupa, corra agora pra ouvir a banda e corram pra ver a gente no Rock In Rio."
0 Comentários