Lançamento exclusivo pelo Indieoclock: Confira em primeira mão "Desapego", novo single e clipe de Arthur Melo

Arthur Melo | Foto: Carol Borges

Depois do elogiadíssimo disco "Nhanderuvuçu", lançado em outubro de 2018, Arthur Melo está de volta! Em lançamento exclusivo pelo Indieoclock, o músico mineiro lança hoje o single "Desapego".

A música tem um clima nostálgico, bastante agradável aos ouvidos. Sua melodia é acolhedora, como se fosse um abraço que dissesse ao ouvinte que tudo vai ficar bem. Apesar do nome, "Desapego" é cheia de emoções, feitas não apenas para ouvir e sim sentir.

Para ilustrar tudo isso, a faixa ainda veio acompanhada de um clipe, com uma paleta de cores cuidadosamente selecionada e predominantemente azul, lembrando o conceito visual de "Nhanderuvuçue reforçando ainda mais a ideia da nostalgia.

"O vídeo representa esse sentimento letárgico porém muito passional que é a mudança da adolescência para a vida adulta, algo que ocupava a minha cabeça quando compus a música.” - diz Arthur Melo sobre o video.
Para comemorar o nascimento de "Desapego", o cantor fará um show único em São Paulo, no Breve, no próximo sábado (25/05), às 19h. No palco, ele será acompanhado pelo baterista e percussionista Pedro Theodoro, e pelo cantor e compositor paulista Sessa. Os ingressos já estão à venda, e podem ser garantidos antecipadamente no site da Sympla.

Aproveitando o lançamento do single, primeiro trabalho liberado por Melo em 2019, batemos um papo com ele sobre sua carreira, expectativas de lançamento da música e sobre o show de lançamento. Confira:

Como começou a sua relação com a música?
Arthur: Comecei a me atentar pra música através do meu pai, que sempre tá escutando, no carro, em casa, rodas de samba, sempre ouvindo, Bob Dylan, Paulinho, Benito, Sinatra, Beth Carvalho, Rolling Stones e muito mais coisa, ele toca e canta também, então desde cedo já tinha uma influência rolando em casa pra me levar pra música, mas com uns 11 anos que comecei a aprender violão e daí não parei mais, e sempre pesquisando sons novos e tudo mais.

Como é ser um artista com o som mais alternativo no Brasil, hoje em dia?
Arthur: É ótimo, gosto muito, mas por quê acredito muito no que faço e me divirto fazendo, então é prazeroso. Mas as vezes é difícil, ainda mais com esse (des)governo que o país tá hoje, que desencoraja muito a cultura pra uma bestialização do povo, por isso acho importante os artistas independentes de qualquer campo seguirem fazendo seus trabalhos, hoje em dia isso é muito fundamental.

Você acha que o mercado fonográfico está mais democrático ou alguns gêneros musicais ainda são mais "favorecidos" que outros?
Arthur: Acho que sempre vão existir tendências, que são reflexos da maior parte do público que consome música. Hoje, por exemplo, o sertanejo e o funk acho que são os que mais movimentam dinheiro dentro do mercado, mas nos últimos anos sinto que a cena independente vem ganhando cada vez mais espaço e reconhecimento, com festivais independentes que crescem e aumentam de número cada vez mais. Acho que de um modo geral a gente vive um momento interessante na música independente brasileira.

O que mais te inspira a compôr?
Arthur: Várias coisas me inspiram, depende muito do momento, meus dois últimos trabalhos foram muito sobre mudanças da adolescência pra vida adulta, essa coisa de se descobrir misturada com eu me descobrindo como compositor, tentando entender como conseguir fazer [isso] da forma mais sincera e mais musical possível. Mas o disco que estou começando a gravar agora já vem mais maduro acho, falo de coisas muito pessoais e das formas que vejo situações e cenários específicos.

Como nasceu a "Desapego"?
Arthur: Desapego fala muito sobre uma relação conflituosa de um casal que ainda está descobrindo. Ela eu escrevi por volta de 2015 mais ou menos, tinha 17 anos, ainda tava muito descobrindo como compor de um jeito que me sentisse confortável e tudo mais, mas olhando pra ela hoje vejo que de um certo ponto de vista, ela fala muito sobre essa mudança da adolescência pra vida adulta, que tava muito comigo nessa época, que é o mesmo momento que compus "Agosto" e "Nhanderuvuçu"  meus dois primeiros discos. Ela se encaixa muito nesse contexto, mas musicalmente não se encaixava em nenhum dos dois da forma que eu gostaria, por isso preferi usá-la como single e com um clipe que transparecesse essa sensação de entrega e letargia. Musicalmente ela é bem simples, a mágica rola mesmo no refrão que tem uma mudança de tom que gostei muito quando rolou, que me traz uma sensação curiosa.

O que você espera que as pessoas sintam ao ouvir "Desapego" pela primeira vez?
Arthur: Acho que a forma que cada pessoa se relaciona com uma música é muito pessoal e única, mas em Desapego acho que logo de cara traz muito uma sensação de letargia que tá mais presente na música desde o começo, principalmente se você escuta acompanhada do clipe. Mas a interpretação da letra vai de cada um, acho massa isso das pessoas poderem ressignificar a letra de uma música para fazerem sentido pra elas e rolar uma identificação com a canção.

Como você está se sentindo sobre o show de lançamento da "Desapego", que fará próximo sábado? 
Arthur: O show vai ser legal, além do lançamento de Desapego vamos fazer eu e meu amigo Ptheo (Pedro Theodoro), que toca percussões comigo, um formato bem minimalista e cuidadoso pra esse show, fizemos um apanhado dos dois primeiros discos e juntamos mais algumas músicas de outros artistas que gosto de tocar, vai rolar participação do Sessa que tá pra lançar um disco maravilhoso. Vamos fazer algumas músicas juntos que são supresa... Nesse show, também eu e Ptheo estamos aproveitando pra testar alguns arranjos ao vivo, pra alguns shows que vamos fazer em Portugal e na Espanha em Julho, vai ser astral a noite de sábado.

Na época em que você estava montando o "Nhanderuvuçu", a "Desapego" já existia. Você resolveu lançá-la depois por ver que ela poderia ser uma espécie de "continuação" para o "Nhanderuvuçu"?
Arthur: Desapego existe desde quando comecei a compor o "Agosto" que foi meu primeiro EP, mas na época nem cheguei a gravar ela, ai quando chegaram as gravações do Nhanderuvuçu resolvi gravar pra tentar colocar no disco, mas no final senti que não se encaixava muito bem no todo e funcionaria melhor como um single pra lançar depois, e essa hora chegou [risos]. Não vejo ela muito como uma continuação, mas sim como uma passagem, assim como ela de certa forma representa essa passagem da adolescência pra vida adulta, ela entre o Nhanderuvuçu e esse disco que tô começando agora, faz muito sentido na questão de composição,  na abordagem musical, e na mudança de formato na banda.

Como surgiu a ideia pro clipe "Desapego"?
Arthur: Desde a primeira vez que ouvi ela gravada senti uma sensação de água, ai comecei a pensar nisso. Joguei a ideia pros amigos e colegas de sala na faculdade de cinema, Felipe Vignoli, Mateus Cimini, Ieda Lagos e Micaela Demarco, pra gente tentar fazer um clipe debaixo d'água. Nós discutimos muito o argumento, até chegarmos na ideia de colocar um casal, Isabela Mariani e Marco Reis, tendo encontros e desencontros debaixo d'água em slow [motion], assim iríamos conseguir essa sensação de letargia, e deu super certo, estamos todos muito felizes com o resultado.

A paleta de cores usada, com vários tons de azul, dá um tom bem nostálgico ao clipe, sensação que temos também ao ouvir a música. Isso foi proposital?
Arthur: Sim, total, feito muito baseado na capa da música também, que é uma pintura que fiz ouvindo a música. A música, o clipe, e a capa, todos trazem uma sensação azul, isso de certa forma é uma sinestesia que gosto de tentar fazer com as músicas e com os clipes, pra que os universos de cada uma se tornem cada vez mais hipnotizantes e próprios.


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Pauta e entrevista: Andressa Gonçalves.

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