Suas letras soam confessionais e abordam diferentes momentos de relacionamentos e a personalidade intensa da cantora, que representa a jovem mulher de hoje, cheia de expectativas e buscando por liberdade em meio à vida caótica do século 21.
O disco da cantora, compositora e multi-instrumentista carioca é completamente independente e inclui nove composições inéditas, com direção e produção artística da Uno Criativo.
O álbum se inicia com o próximo single do álbum, a pop e dançante “Vitrine”, cuja sonoridade alegre não permite ao ouvinte distraído perceber que se trata de uma faixa sobre depressão. O relato é baseado na experiência pessoal de Manaia, que foi diagnosticada com a síndrome de Borderline há alguns anos. Através da música que ela enfrentou e superou a doença, e hoje compartilha esse resultado com o mundo na faixa, com seu questionamento: O que falta?
A energia animada do álbum se segue em “Bem que a Gente”, onde os vocais mais agudos da cantora criam uma atmosfera paradisíaca para as provocações sinceras da cantora para uma paixão não correspondida. O refrão fica na mente e a faixa parece acabar cedo demais em seus 2 minutos e 25 segundos.
O álbum começa a desacelerar suavemente em “Laranja”, escrita por Manaia e seu irmão Gabriel: “Nós dois estávamos sofrendo por amor e começamos a escrever sem muito pretexto e a música foi vindo naturalmente”, lembra ela. A letra cita clichês como "a minha metade da laranja foi... Aonde está meu feijão com arroz?" para lamentar a partida de seu par perfeito.
A energia volta a se intensificar em "Medo”, já lançada como single, que fala do medo de se envolver num relacionamento. A faixa ganhou um clipe lindo que celebra as diferenças - inclusive nas formas de amor.
A faixa é seguida pela marcante “Loch Ness” tem mais referências noventistas, e a letra brinca com o fato da cantora ser pisciana, mas que pode se tornar um monstro do lago Ness. “Resolvi brincar sobre esse aspecto do monstro que derruba barcos e some com pescadores. Não sou de confronto, prefiro ficar embaixo d’água. Mas se mexer comigo, vai ver de onde venho”, alerta, rindo.
Em “Maresia”, a cantora explora uma sonoridade mais alternativa que funciona muito bem com seus vocais, dando um ar nostálgico que combina perfeitamente com a letra.
O single debut da cantora, “Baby”, é a faixa seguinte, que parece melhor acomodada no conjunto. É uma música poderosa, com letra profunda, e parece resumir bem o conceito e sonoridade do álbum, mas ganha uma nova percepção quando escutada em ordem.
A faixa-título “Na Borda” volta a surpreender, explorando uma tonalidade mais suave da voz de Manaia, inspirada sonoramente pelo fantástico universo de O Mágico de Oz. A música volta a falar sobre depressão, dessa vez sobre a sensação de fracasso ao receber o diagnóstico de borderline, É interessante que o disco se inicia sobre a busca pela superação, e termina com a faixa que fala sobre o sentimento paralisante de estar, de fato, "na borda."
Apesar de serem perceptíveis as influências musicais da cantora, como Pink, Linkin Park, Amy Winehouse, Pitty, Florence & The Machine e Etta James, para citar apenas algumas, o resultado final do disco é consistente e apresenta muito bem a personalidade vibrante de Manaia.
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