Album Review: Tranquility Base Hotel + Casino



Depois de 5 longos anos de espera desde o aclamado último álbum do Arctic Monkeys, AM, e de muitas especulações e curiosidades de como seria o próximo disco da banda, eis que ele surge: Tranquility Base Hotel + Casino te convida para uma viagem pelo espaço sideral e para um Arctic Monkeys totalmente renovado, onde podemos dizer que a banda atingiu seu ápice de maturidade musical.

E nossa viagem começa dentro de uma nave espacial, viajando entre as estrelas; esse é o cenário da primeira faixa do disco, Star Treatment. Faixa essa, que poderia facilmente ser incluída na trilha sonora do filme Guardiões da Galáxia. 
Também é percebido logo de cara a mudança sonora da banda, onde chegamos a nos questionar “ Espera aí, isso é realmente Arctic Monkeys?” E a resposta vem de imediato com a inconfundível voz de Alex Turner, não mais cantando para nós, mas sim conversando com a gente num tom que soa quase como um desabafo; a sensação é que a parte musical de Star Treatment (que por sinal é fantástica e diferente de qualquer outra coisa que a banda já tinha feito até o momento) fica de plano de fundo enquanto ouvimos Alex “falar”.
Outro ponto a se destacar é a influência dos anos 70, não só nessa música, mas no álbum todo de uma forma geral; ficando liricamente visível também no trecho “Maybe I was a little too wild in the 70’s”, o que nos mostra que realmente o álbum foi criado em um viés bem pessoal, retirado da cabeça e de influências recentes de Alex Turner.

A nossa próxima parada é em One Point Perspective. A música parece que foi retirada diretamente dos anos 70 e dá até para se imaginar em um bar dos Estados Unidos dessa época com um palco onde Alex Turner canta ao fundo; contudo, o clima espacial ainda continua bem forte e o cenário é como se estivéssemos voltando para aterrissar na Terra. Musicalmente é uma canção muito bonita e romântica, onde pequenos solos de guitarra aparecem pela primeira vez de forma mais significantes no álbum, mesclados com uma das melhores linhas de baixo do cd e com o piano que é bem predominante durante praticamente toda a música – e todo o álbum. Com certeza uma das melhores faixas do disco.

Se One Point Perspective dava a impressão de que estávamos voltando para aterrissar na Terra, em American Sports, 3ª faixa do álbum, a impressão é de que a nossa nave espacial em questão sofreu uma queda abrupta, já percebida no final da 2ª faixa que tem sua continuação justamente em American Sports. Uma música confusa à primeira ouvida, com uso de sintetizadores mesclados, claro, com piano. Parece que a música foi retirada do Humbug e, à ela, foi adicionada pianos, uma combinação um tanto quanto estranha, talvez? American Sports não fica entre as melhores do álbum, e poderia até ser classificada como um lado b.

Tranquility Base Hotel + Casino, faixa que dá título ao álbum, nos traz de volta ao espaço, porém, nela fica visível um dos pontos negativos do disco: as músicas parecem muito estáticas, não tem muitas variações e por alguns momentos parecem que ficam meio maçantes. Contudo, mais pro final da música, ela fica bem melhor e você pode até se pegar cantando “Tranquility Base Hotel and Casino, Mark speaking...”

Mal voltamos para o espaço com Tranquility Base, e Golden Trunks, 5ª faixa do álbum, já nos traz de volta ao “chão”. Talvez a música mais experimental de todo o álbum, serve também como uma faixa de transição entre a primeira e segunda parte do disco. Porém, em Golden Trunks também fica bem nítido o ponto negativo do disco de ter algumas músicas maçantes e estáticas. Mais uma faixa que daria para ser  classificada como um b side.

A grande obra prima e carro chefe de Tranquility Base Hotel + Casino está na 6ª faixa: Four Out Of Five. Aqui parece que estamos ouvindo uma música do 5º álbum da banda, AM, que foi mesclada de forma perfeita com a influência dos anos 70 e com o conceito espacial que esse novo disco carrega. Tem um riff de guitarra maravilhoso que não sai da cabeça e que nos faz relembrar com mais clareza, pela primeira vez, de um “Arctic Monkeys de antigamente”. Com certeza, a melhor música do álbum e com potencial para se tornar um grande sucesso da carreira da banda.

A 7ª faixa nos remete a um Arctic Monkeys que já conhecemos, porém não musicalmente, e sim com seu nome peculiar: The World’s First Ever Monster Truck Front Flip. A música também não nos traz nada de novo dentro do álbum: Influência dos anos 70, um pouco maçante... Porém, o refrão é o ponto alto fazendo com que a gente permaneça “ligado” na música e permitindo que voltemos a nos imaginar no clima espacial que o álbum nos proporciona. No geral, uma música mediana, nota 7.

Science Fiction, 8ª faixa do disco, parece que foi retirada diretamente do Humbug. O que agrada nessa música é o fato de podermos ver algo diferente no álbum até o momento, onde se predomina uma linha de baixo incrível junto com guitarras gravadas no tempo certo e com os efeitos certos. Também é deixado um pouco de lado o piano tão presente no álbum e a influência dos anos 70. Science Fiction é uma música “fora da caixinha” do Tranquility Base Hotel + Casino.

Ok, agora alguém me ajuda a entender o que acontece na 9ª faixa do álbum, She Looks Like Fun. De longe, a música mais confusa de todo o disco e uma das mais experimentais também. Muita informação reunida; tem partes ótimas que te cativam, porém 2 segundos depois tem partes que você só quer que a música acabe logo. She Looks Like Fun, diferente de outras músicas do álbum, contém muitas variações, mas são tantas que você acaba se perdendo no meio da música, então quando ela finalmente termina, seu único pensamento possível é: “o que foi que eu acabei de escutar?”

Em Batphone, penúltima música do álbum, podemos observar uma sensualidade musical, que foi bastante explorada no AM, e que foi agradavelmente sincronizada com toda a temática espacial do disco. Apesar de passado algum tempo a música não evoluir e se tornar maçante –principal problema do álbum, realmente – Batphone é uma música mediana, que poderia ser muito melhor se não desse aquela vontade de trocar de faixa passados mais ou menos 1 ou 1 minuto e meio de música.

A décima primeira, e última música do álbum, The Ultracheese, pode ser facilmente confundida com qualquer canção mais romântica dos anos 70 que se tenha na receita um pouco de Jazz e piano. Uma música calma, que até nos lembra um pouco No. 1 Party Anthem, do AM. The Ultracheese, além de criar um clima espacial, também tem um “quê” de “despedida” que casou perfeitamente para ser escolhida a última canção do disco. Uma música bem gostosa de se ouvir e também uma das melhores do álbum.

Em resumo, Tranquility Base Hotel + Casino marca um novo livro, uma nova história na carreira do Arctic Monkeys. Com certeza o álbum que mais dividirá os fãs, soa realmente muito estranho na primeira vez que você o escuta. Como se a nossa expectativa tivesse sido quebrada, porém é porque estávamos realmente acostumados com uma banda muito diferente do que nos é apresentada nesse 6º disco.

É inegável a maturidade musical que eles alcançaram nesse disco. É um álbum impossível de se comparar com os anteriores (principalmente com os dois primeiros), apesar de vermos sim, algumas influências de Suck It And See, Am e principalmente Humbug.

Tranquility Base Hotel + Casino, um álbum que por muitas vezes parece um disco solo de Alex Turner, foi feito pra se apreciar de forma independente, como se fosse o primeiro álbum da banda (e de certo modo é...o primeiro dessa nova fase) livre de conceitos pré concebidos e de forma contínua, do inicio ao fim. É um álbum para se imaginar dentro de uma nave espacial se deliciando com músicas dos anos 70 - o que não nos falta durante todo o disco.

Por fim, é um álbum para vermos o Arctic Monkeys como uma banda totalmente nova, mas que ao mesmo tempo, aqui e ali, irão ter coisas que vão nos remeter para aquele “velho Arctic Monkeys” que tanto amamos ao longo desses anos. 
Esse é o Tranquility Base Hotel + Casino, um álbum feito para aqueles que estão com o coração e ouvidos abertos para ouví-lo e, posteriormente (talvez depois de algumas ouvidas), apreciar algo totalmente novo e diferente.

Nota: 7/10

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